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Coleta seletiva incipiente e incorreta emperra setor de reciclagem de PET

8/26/2011

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Brasil chega a importar plástico reciclado do Paraguai para atender à demanda crescente, mesmo tendo índice alto de reciclagem, de 56%

Em 2010 o Brasil reciclou 56% das embalagens de PET colocadas no mercado, ou 282 mil toneladas. O número – considerado alto por especialistas, dada a coleta seletiva incipiente que existe no País – é 7,6% maior que o de 2009. A indústria recicladora brasileira, no entanto, ainda trabalha com 30% de capacidade ociosa e o Brasil chega a importar PET reciclado do Paraguai. Reportagem de Karina Ninni, em O Estado de S.Paulo.

“Nos últimos três anos importamos 10 mil toneladas em forma de “flakes” (flocos), vindas do Paraguai”, afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), Auri Marçon.

O resultado é que o preço do PET reciclado se equipara ao valor da matéria-prima oriunda da natureza. Os pelets (pequena unidade de PET) virgens custam cerca de US$ 1,9 a tonelada e os flakes reciclados, US$ 1,6.

Os números foram apresentados ontem em evento da Abipet para divulgação do 7.º Censo da Reciclagem do PET.

Como consequência da falta de embalagens para reciclagem, as margens de crescimento da indústria de reciclagem do PET vêm caindo em relação aos anos anteriores.

De 1994 a 2002, o porcentual de reciclagem das embalagens PET pós-consumo no Brasil subiu de 18,8% para 35% do total comercializado. De 2003 a 2006, subiu de 43% para 51,3%. E, desde então, a alta anual tem variado de 1,5% a 2%. “Não se pode esperar o mesmo crescimento dos anos anteriores, porque isso não vai acontecer. A indústria da reciclagem está tirando PET de pedra”, diz Leandro Fraga Guimarães, consultor da Nous Consulting, que fez o censo.

Falta coleta

Dados de um relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), lançado em 2010, indicam que 37% dos materiais potencialmente recicláveis aparecem misturados aos resíduos sólidos urbanos. Do ponto de vista da reciclagem, esses 37% não têm destinação adequada e são “enterrados” com outros materiais não recicláveis, como matéria orgânica, por exemplo.

A falta de um bom sistema de coleta seletiva é apontada pelos especialistas como o calcanhar de aquiles da indústria da reciclagem PET no Brasil. “O material está aqui, mas nós não temos como chegar a ele, pois está escondido nos aterros”, diz Guimarães. “Nós recolocamos tudo o que reciclamos na cadeia produtiva brasileira. Mas estamos estrangulados pela coleta seletiva incipiente”, afirma Marçon.

Hoje, apenas 18% das cidades brasileiras têm coleta seletiva.

Boa performance

Apesar do cenário, numa comparação com vários países com indicadores socioeconômicos melhores do que os nossos, o Brasil acaba tendo uma posição de destaque na reciclagem do PET. Em um estudo que cruzou dados de reciclagem de PET com informações sobre população, território, renda per capita e escolaridade, o País está na sexta colocação, atrás de Japão, França, Alemanha, Suíça e República Tcheca.

“São países que têm um território muito menor que o nosso, índice de escolaridade e renda per capita maiores, mas aparecemos próximos deles no tocante à reciclagem de PET”, explica o analista de mercado Sotirios Denis Ghinis, da Abipet.

Ele atribui isso a três variáveis: a pesquisa para aplicação do PET reciclado, a disponibilidade de mão de obra abundante (catadores) e o espírito de empreendedorismo do brasileiro.

“A indústria brasileira viu no PET pós-consumo uma oportunidade, um novo material para trabalhar”, afirma o analista. “É um equilíbrio um pouco frágil, é verdade, porque nenhum país desenvolvido chegou a esse nível só pelas forças do mercado. É preciso que o Estado atue e que a sociedade civil faça sua parte.”

No Brasil, o maior usuário do PET reciclado é o setor têxtil (38% do total), seguido de resinas (19%), embalagens (17%) e laminados (8%).

EcoDebate, 26/08/2011
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Crescimento das cidades coloca em risco o meio ambiente global

8/23/2011

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[Por David DeFusco, em EcoDebate] O crescimento explosivo das cidades em todo o mundo ao longo das próximas duas décadas apresenta sérios riscos às pessoas e ao meio ambiente global, de acordo com uma metanálise publicada hoje no PlosOne.

Pesquisadores de Yale, Estado do Arizona, Texas A&M e Stanford prevêem que até 2030 as áreas urbanas se expandirão por 590.000 milhas quadradas —quase o tamanho da Mongólia — para servir às necessidades de 1.47 bilhões de pessoas que vivem nas áreas urbanas.

“É provável que essas cidades sejam desenvolvidas em locais que são os mais diversos biologicamente,“ disse Karen Seto, o autor-líder do estudo e professor associado no ambiente urbano na Yale School de Estudos Ambientais & de Silvicultura. “Eles continuarão crescendo e expandindo-se em florestas, pontos quentes biológicos, savanas, linhas costeiras – locais vulneráveis e sensíveis.”

As áreas que encontraram foram se expandindo mais rapidamente ao longo das costas. “De todos os lugares para as cidades crescerem, as costas são as mais vulneráveis.

As pessoas e as infra-estruturas estão sob risco de inundações, tsunamis, furações e outros desastres ambientais,” disse Seto.

O estudo fornece uma estimativa inicial de quão rápido as áreas urbanas mundialmente estão crescendo e quão rápido elas podem crescer no futuro. “Sabemos bastante sobre os padrões globais de crescimento da população urbana, mas sabemos muito menos sobre como as áreas urbanas estão mudando”, disse ela. “

“Alterações na cobertura da terra associadas à urbanização conduzem muitas mudanças ambientais, desde perdas de habitat e conversão de terras agrícolas até alterações nos climas locais e regionais.”

Os pesquisadores examinaram estudos revisados por especialistas que usaram dados de satélites para crescimento de mapas urbanos e descobriram que de 1970 a 2000, a área ocupada urbana mundial tinha aumentado em, pelo menos, 22.400 milhas quadradas – metade do tamanho de Ohio.

“Este número é significativo, mas, na verdade, a expansão de áreas urbanas foi de longe muito maior do que nossa análise mostra, porque só consideramos os estudos publicados que usaram os dados de satélite,” disse Seto. “Descobrimos que 48 das áreas urbanas mais populosas foram estudadas usando os dados de satélite, com descobertas em jornadas revisadas por especialistas. Isso significa que não estamos acompanhando a expansão física de mais da metade das maiores cidades do mundo.”

Metade da expansão de terras urbanas na China é conduzida por uma classe média em ascensão, considerando que o tamanho das cidades na Índia e na África é impulsionado inicialmente pelo crescimento da população. “As rendas crescentes se traduzem no aumento da demanda por maiores casas e mais terras para o desenvolvimento urbano, que tem grandes implicações para a conservação da biodiversidade, perda de reservatórios de carbono e uso de energia.”

A Meta-Analysis of Global Urban Land Expansion
Seto KC, Fragkias M, Güneralp B, Reilly MK, 2011 A Meta-Analysis of Global Urban Land Expansion. PLoS ONE 6(8): e23777. doi:10.1371/journal.pone.0023777

Tradução de Fernanda Medeiros, da MR Tradutores Associados para o EcoDebate.

Texto de David DeFusco, da Yale University, publicado pelo EcoDebate, 23/08/2011
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Plantas do gênero agave, usadas para fazer tequila, podem ser transformadas em etanol

8/11/2011

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As plantas do gênero agave, encontradas em grande quantidade no México, são normalmente usadas para fazer o combustível que costuma animar festas no ritmo da salsa e do merengue: a tequila. Pesquisadores das universidades de Oxford, no Reino Unido, e de Sydney, na Austrália, descobriram, entretanto, que esses vegetais podem ser transformados em combustível de verdade, ou, mais especificamente, no bioetanol. Reportagem no Correio Braziliense.

No estudo, publicado na revista Energy and environmental science, investigadores britânicos e australianos perceberam que o cultivo da agave apresenta uma série de vantagens em relação à produção de etanol a partir do milho e da cana-de açúcar. “Além de crescer em terras com limitada quantidade de água, essa planta evita a competição com a produção de alimentos, já que certos tipos de grãos podem ser cultivados na mesma área da agave sem problemas”, exemplifica Daniel Tan, um dos autores da pesquisa, em entrevista ao Correio.

O estudo surgiu de uma reflexão da equipe sobre a crescente escassez de petróleo no mundo e a dependência da população em usar combustíveis fósseis, que poluem o ar e são uns dos principais causadores do efeito estufa. Nessa análise — que, segundo Tan, foi a primeira do ciclo de vida do agave como matéria-prima do bioetanol —, a equipe plantou o vegetal na Austrália, no estado de Queensland. Foram estudados o processo de cultivo da planta, a remoção de ervas daninhas, a colheita do material e sua transformação em álcool anidro e hidratado. O biocombustível feito da planta que dá origem à tequila, da espécie Agave tequilana, mostra que a liberação de dióxido de carbono para o ambiente (calculado na proporção de 35 gramas para cada megajoule produzido) é menor do que ao fabricar etanol a partir do milho, cuja emissão é de 85g/MJ.

Para comparar, a queima do petróleo para ser transformado em gasolina lança no ar cerca de 100g/MJ. No entanto, o produto ainda é mais poluente do que o derivado da cana-de-açúcar, que tem proporção de 20g/MJ. “O etanol derivado da agave tem um equilíbrio energético positivo: a energia criada é cinco vezes maior do que a necessária para produzi-lo”, ressalta Tan, doutor em fisiologia de plantas pela Universidade de Sydney.

“Ela demonstra que é possível ter resultados duplamente benéficos. Com o combustível, principalmente o álcool hidratado, você pode abastecer veículos e também reduzir a emissão de carbono na atmosfera”, comemora.

Facilidade
A maior vantagem da agave em relação à cana-de-açúcar, base do álcool combustível no Brasil, seria a capacidade de o vegetal se desenvolver em ambientes semiáridos. No caso da cana, é necessário haver água em grandes quantidades e solo fértil para um cultivo eficiente. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, o cientista da Universidade de Oxford Andrew Smith destacou que, diferentemente do vegetal brasileiro, a planta presente em maior quantidade no México se adapta às mudanças climáticas. “Em um mundo onde terras aráveis e recursos hídricos estão cada vez mais escassos, a capacidade de sobreviver em diferentes ambientes é um atributo-chave na discussão da produção de alimentos contra combustíveis.”

A pesquisa também revela que a Agave sislana, que dá origem ao sisal, pode ser uma outra fonte de etanol. Tan afirma que há um estudo em andamento sobre o uso da biomassa do sisal para essa produção, já que, após a extração da fibra para fazer fios, 96% da planta são descartados em lagoas, rios e mares, poluindo o meio ambiente. O projeto estudado é uma parceria do Instituto de Inovação em Produção da Universidade de Dar es Salaam, na Tanzânia, com a Universidade de Aalborg, na Dinamarca.

Para Tan, o uso de bioetanol é apenas uma parte da solução para a questão dos combustíveis renováveis. “Eu e toda a equipe esperamos que, futuramente, carros elétricos híbridos e carros movidos a células de hidrogênio sejam baratos o suficiente para se espalhar entre a população mundial. Isso seria mais eficiente”, acredita.

A pesquisa destaca, ainda, que a produção de biogás ou bioeletricidade a partir do bagaço da agave poderia ser benéfica para países em desenvolvimento, que poderiam reduzir, a longo prazo, o custo da energia elétrica em fábricas e usinas. Daniel Tan afirma que esse pode ser o foco de um novo estudo sobre a Agave tequilana, no qual pretende associar o conhecimento de agrônomos, tecnólogos e biólogos em geral. Outros usos alternativos dos resíduos da agave observados no estudo consistem em ração animal, papel, bioplástico e carbono ativado.

Nos postos
O álcool anidro tem, em sua composição, 99,5% de álcool puro e 0,5% de água. Esse produto, no Brasil, é misturado à gasolina vendida nos postos de combustíveis, representando entre 18% e 25% da solução. Se adicionado em pequenas proporções na gasolina, não afeta o desempenho dos motores de veículos. Já o álcool hidratado é formado por 96% de álcool puro e 4% de água. É o etanol presente nos postos, que também pode ser usado para abastecer automóveis que têm motor bicombustível, mais conhecido como flex.

EcoDebate, 11/08/2011
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Logística Reversa ou Logística Correta? artigo de Roger Luna

8/11/2011

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[EcoDebate] Após vários anos, agora é a vez da Logística Reversa mostrar seu valor. Este tema foi esquecido durante anos pelas organizações, as quais, até então, tinham como objetivo final apenas a venda dos seus produtos, não se preocupando com o destino final de possíveis “sobras” geradas pelos seus processos.

A mudança de comportamento está ocorrendo à medida que aumentam os lançamentos de produtos. Além disso, a ferramenta de e-commerce avança na sociedade e a facilidade que o consumidor final tem de, alguma forma, devolver o produto, aumentam a preocupação do governo, das empresas e do próprio consumidor com relação ao movimento de retorno “sem controle”.

Os grandes impactos ambientais e econômicos ocorridos atualmente demandam ações imediatas e assertivas, colocando as empresas na linha de frente no gerenciamento destas ações.

Programas como o CARBONO NEUTRO® e CARBONO ZERO®, coordenados pela empresa Max Ambiental, são iniciativas que tem por finalidade combater as mudanças climáticas através da mensuração, redução e compensação de emissão de GEE (Gases Efeito Estufa). Ainda há projetos que contemplam a geração de trabalho e renda, inclusão social e capacitação para atuar em projetos e educação ambiental.

O estabelecimento de metas de redução de GEE ainda não é obrigatório, porém algumas empresas já estabelecem metas e procuram cumprí-las através de programas internos e envolvimento de seus colaboradores.

A empresa Diageo do Brasil, atuante no segmento de bens de consumo/bebidas, possui programas de sustentabilidade ambiental para os próximos anos para reduzir o carbono emitido, o desperdício de água e para reduzir resíduos enviados à aterros. Outro programa interessante da parceria Diageo e a Cooperativa Vira Lata, é o programa Glass is Good™ que tem por objetivo estimular, por meio de reciclagem instruída, a coleta seletiva dos materiais e sua destinação correta à reciclagem. O processo é realizado pela seguinte dinânica: as garrafas descartadas são armazenadas nos estabelecimentos parceiros da Diageo e posteriormente separadas e trituradas pela cooperativa em máquinas especiais fornecidas pela Diageo. O vidro reciclado servirá como matéria-prima de novas embalagens dos produto da empresa.

Iniciativas como estas visam criar políticas de sustentabilidade e gestão correta de seus resíduos. Áreas específicas e políticas organizacionais focadas neste tipo de gestão estão sendo criadas dentro das empresas e novos profissionais entram em cena.

A estratégia da área de logística hoje passa pela análise do possível retorno do produto, tanto em um processo de devolução, quanto por um processo de retrabalho. Os custos deste tipo de operação, a logística reversa e a forma de descarte correto devem ser focos de análise de viabilidade e compreensão dentro da empresa, pois a dificuldade de gerenciar a logística reversa em um país continental como o Brasil passa a ser mais um desafio para os especialistas da área. O trabalho, em conjunto das áreas de logística e gestão ambiental, é essencial para que o ciclo logístico seja realizado de forma “correta” e sustentável para o planeta.

Roger Luna é Administrador de Empresas, Especialista em Gestão de Logística Empresarial. Atua como Consultor de Processos Logísticos (OTC) e professor nos cursos de Logística na Faculdade Drummond e no Senac. Profissional com mais de 15 anos de experiência em empresas multinacionais na área de Logística

EcoDebate, 11/08/2011
http://www.ecodebate.com.br/2011/08/11/logistica-reversa-ou-logistica-correta-artigo-de-roger-luna/
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Argentinos expostos ao herbicida glifosato usado em transgênicos se queixam de doenças

8/10/2011

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Câncer, leucemia, malformações fetais, abortos espontâneos, problemas respiratórios, oculares e dermatológicos: é interminável a lista de doenças das quais os habitantes de San Jorge se dizem vítimas.

A 600 quilômetros de Buenos Aires, com seus 25 mil habitantes, San Jorge é um agradável vilarejo de Santa Fe, uma das mais ricas províncias agrícolas da Argentina. No bairro pobre de Urquiza, somente uma rua de terra separa a casa de Viviana Peralta dos campos de soja onde a pulverização de pesticidas se faz por avião. Foi somente quando ela percebeu que Ailen, sua filha de um ano e meio, estava tendo crises agudas de asma cada vez que o avião sobrevoava sua casa, que a sra. Peralta fez a associação. No hospital, uma pediatra confirmou a presença de glifosato no sangue de Ailen. Reportagem de Christine Legrand, Le Monde.

O glifosato é o princípio ativo do Roundup, o herbicida elaborado e comercializado pela empresa americana Monsanto, cujo uso se popularizou a partir de 1997 na Argentina, pioneira na América do Sul. Em contato com o herbicida, todas as ervas daninhas morrem, exceto pela soja RR (Roundup Ready), a soja transgênica tolerante ao Roundup criada pela Monsanto.

Em San Jorge, a incidência de câncer aumentou 30% em dez anos. Depois de uma pulverização, os habitantes contam que seus lábios ficaram arroxeados e suas línguas incharam. Frangos morreram. Gatos e cachorros perderam o pelo. Abelhas desapareceram e os pássaros foram rareando.

Depois de ter sido dispensada pelo prefeito, Viviana Peralta resolveu apelar para o tribunal. Um juiz a ouviu. Ele aceitou receber sua queixa, bem como a de 23 famílias do bairro, contra o governo argentino, as autoridades provinciais e os produtores de soja.

No dia 17 de março de 2009, a Justiça deu um veredito histórico ao proibir qualquer pulverização a menos de 800 metros das casas caso ela seja feita com a ajuda de “mosquitos”, os tratores que empregam asas com vários metros de extensão, e a menos de 1,5 quilômetro se feita por avião.

“O glifosato não é água benta, como quiseram fazer a gente acreditar!”, se revolta Carlos Manessi, agrônomo e coordenador para a província de Santa Fe da campanha nacional contra as pulverizações. Ele ressalta que a comercialização do Roundup foi autorizada na Argentina sem análise científica prévia do governo, e “somente a partir de um relatório da Monsanto em inglês, nunca traduzido.”

Os produtores locais de soja estão convencidos de que o Roundup é inofensivo. “Proibi-lo seria como proibir a aspirina”, diz um deles. A febre do “ouro verde” tomou conta da maior parte das províncias argentinas, incentivada pela demanda dos países emergentes e da disparada nos preços no mercado mundial. A Argentina é a terceira maior produtora de soja, e a primeira exportadora de produtos derivados (óleo e farinha). A soja RR ocupa mais da metade das terras cultivadas, ou seja, 17 milhões de hectares.

Terras queimadas

No frio do inverno austral, de cada lado da estrada nacional 10 que liga Santa Fe a Córdoba, outra rica província agrícola, se estendem a perder de vista terras acinzentadas, queimadas pelo Roundup antes da época das sementes. As vacas, habitantes tradicionais dos pampas, foram confinadas. Qualquer pedaço de terra, até na beira da estrada, é reservado para a soja. “Todos aqueles que falam dos perigos do glifosato são tratados como loucos, são acusados de serem contra a prosperidade do país”, se indigna Viviana Peralta. Ofereceram-lhe dinheiro para que ela se mudasse. Apesar das ameaças, um movimento de resistência surgiu em diversas províncias.

Em Córdoba, a associação das Mães do Bairro de Ituzaingo denuncia mais de 200 casos de câncer entre 5 mil habitantes. Nas ruas, as mulheres usam lenço na cabeça, e as crianças, uma máscara no rosto. Tratadas como “loucas”, as Mães conseguiram, em 2009, que um juiz proibisse a pulverização por avião a menos de 1,5 quilômetro das habitações. Mas nem sempre essas proibições são respeitadas. E o Roundup pode permanecer por muito tempo em suspensão na atmosfera, e viajar por vários quilômetros, levado pelo vento e pela água.

Muitas autoridades provinciais e parlamentares são eles próprios produtores de soja, ou investiram na produção de sementes. A maioria dos engenheiros agrônomos trabalha para fabricantes de pesticidas. Em compensação, há cada vez mais médicos rurais que falam sobre o “pesadelo sanitário”: “Ele afeta 12 milhões de pessoas na Argentina”, afirma Medardo Avila Vázquez, coordenador do movimento dos Médicos dos Povos Vítimas da Pulverização.

Na província do Chaco, na fronteira com o Paraguai, no município de La Leonesa, um estudo revelou que ao longo dos dez últimos anos a incidência de câncer triplicou, e o das malformações quadruplicou. Há uma batalha jurídica entre os habitantes e os produtores de arroz, a principal riqueza da região, que utilizam glifosato e praticam a aspersão por avião. A população pede por uma distância razoável entre as casas, as escolas, os cursos d’água e os arrozais. Mas também por um controle oficial da saúde dos habitantes e do meio ambiente.

O embriologista Andrés Carrasco, da Universidade de Buenos Aires, publicou, no final de 2010, um estudo mostrando o efeito tóxico do glifosato sobre embriões de anfíbios. Esse trabalho lhe valeu persistentes antipatias. Ele foi agredido quando esteve em La Leonesa, e a palestra que ele deveria dar no Salão do Livro foi cancelada. “Não descobri nada de novo. Só confirmei aquilo que outros cientistas haviam descoberto”, ele explica. “Existem provas científicas e, sobretudo, centenas pessoas que são a prova viva dessa urgente questão sanitária”.

O pesquisador lembra que na França e nos Estados Unidos, a Monsanto foi condenada por publicidade enganosa depois de apresentar seu herbicida como “100% biodegradável”. Na Argentina, utiliza-se cada vez mais o Roundup, pois as ervas daninhas estão desenvolvendo resistência. Em 1991, o país consumia um milhão de litros de glifosato, e passou para 200 milhões de litros em 2009.

Tradução: Lana Lim

Reportagem [En Argentine, les habitants exposés à l'herbicide se plaignent de multiples affections] de Le Monde, no UOL Notícias.

EcoDebate, 10/08/2011http://www.ecodebate.com.br/2011/08/10/argentinos-expostos-ao-herbicida-glifosato-usado-em-transgenicos-se-queixam-de-doencas/
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Poluição por petróleo: Nigéria sofre lentamente com um dos maiores desastres ecológicos do mundo

8/8/2011

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Nigéria é palco de um dos maiores desastres ecológicos do mundo com poluição por petróleo – Um relatório das Nações Unidas acusa o grupo Shell e acredita que serão necessários 30 anos para limpar a região Ogoni

É um dos maiores desastres ecológicos do mundo: no delta do rio Níger, ao sudeste da Nigéria, a região Ogoni sofreu por 50 anos uma contínua poluição por petróleo. A quantidade de petróleo que se espalhou por esses cerca de mil quilômetros quadrados de territórios recortados de baías não é conhecida com precisão, mas foi grande o suficiente para ter consequências pesadas e duradouras. Reportagem de Hervé Kempf, Le Monde

“A poluição penetrou mais longe e mais profundamente do que se poderia presumir”, escreve o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), em relatório publicado na quinta-feira (4), que ressalta a responsabilidade de uma das maiores empresas petroleiras do mundo, o grupo Shell. Segundo o Pnuma, “a restauração ambiental da região Ogoni poderá se revelar o mais extenso e mais longo exercício de limpeza jamais realizado”.

O caso tem uma longa e dolorosa história. A exploração do petróleo pela Shell no delta do Níger começou em 1956. Vazamentos de hidrocarbonetos e queimas em flares dos gases de petróleo ocorreram com frequência desde o começo, e aumentaram ao longo dos anos. Essa situação acabou suscitando a fúria do povo ogoni, que conta com cerca de 800 mil pessoas. O Mosop (Movement for the Survival of the Ogoni People) foi fundado em 1990. As ações de protesto foram imediatamente reprimidas pelo governo militar da época, que apoiava a Shell.

Em 1990, 80 manifestantes foram mortos no vilarejo de Umuechem. Em 1993, o líder do movimento, o escritor Ken Saro-Wiwa, organizou uma manifestação que reuniu 300 mil ogonis. Dois anos mais tarde, ele foi preso, condenado e enforcado, ao final de um julgamento duramente criticado pelas organizações de defesa de direitos humanos. Essa quase guerra civil levou à suspensão da exploração petroleira na região Ogoni a partir de 1993. Mas os vazamentos continuaram, em razão da má manutenção dos oleodutos que atravessam o território e frequentes sabotagens visando desviar o petróleo para refiná-lo ilegalmente.

Após 1999 e o restabelecimento da democracia na Nigéria, um “processo de reconciliação” foi iniciado, levando o governo a pedir ao Pnuma para realizar um estudo ambiental aprofundado. Ele só foi lançado em 2009, após uma longa negociação para garantir sua independência em relação a seu financiador… que não era ninguém menos que a Shell.

Conduzido por quatorze meses, o estudo se baseou na análise de 4 mil amostras retiradas de 69 pontos, no exame de 5 mil dossiês médicos e de muitas entrevistas com a população. O balanço é tenebroso: em muitas comunidades, a água potável está contaminada de forma pesada pelos hidrocarbonetos. A pior situação foi constatada no vilarejo de Nisisioken Ogale, onde os poços foram contaminados por benzeno a uma taxa 900 vezes superior à norma estabelecida pela Organização Mundial da Saúde. Da mesma forma, “a poluição do ar associada às operações da indústria petroleira é generalizada e afeta a qualidade de vida de quase um milhão de pessoas”, afirma o relatório.

Impacto desastroso

Na verdade, “a saúde pública está seriamente ameaçada em pelo menos dez comunidades”. O impacto sobre os mangues foi “desastroso”, ao passo que a poluição de muitas baías impede a pesca, uma atividade essencial para os ogonis.

Os especialistas do Pnuma ressaltam a responsabilidade da Shell, observando que “os próprios procedimentos da Shell Petroleum Development Company [sobre a manutenção das instalações] não foram aplicados”. O Pnuma recomenda uma limpeza do território, sabendo que “a restauração dos mangues e dos pântanos muito poluídos levará até 30 anos”. Ele propõe a criação de uma autoridade de restauração ambiental, financiada por um fundo dotado de um capital de US$ 1 bilhão (R$ 1,58 bilhão).

As organizações ambientais nigerianas comemoraram o relatório do Pnuma, que confirma a constatação que elas fizeram há anos. Mas para Nnimmo Bassey, ambientalista nigeriano que preside a Federação Internacional dos Amigos da Terra, “um fundo de US$ 1 bilhão não é nada comparado com o desastre ecológico criado pela Shell: serão necessários US$ 100 bilhões”. Bassey ressalta que a poluição petroleira não atinge somente a região Ogoni, mas também é observada em outras regiões do delta do Níger.

Em um breve comunicado, o grupo Shell respondeu ao relatório lembrando que ele não explorava mais petróleo na região Ogoni desde 1993, e que “a maioria das marés negras na Nigéria são causadas pela sabotagem, pelo roubo e pelo refinamento ilegal”. “O relatório do Pnuma observa que o refinamento ilegal só se desenvolveu na região Ogoni a partir de 2009,” ressalta Nnimmo Bassey. “Além do mais, a análise fala da poluição histórica que se acumulou antes dos anos 1990”. Na quarta-feira, a Shell havia reconhecido sua responsabilidade – e aceitou pagar indenizações – sobre duas marés negras que ocorreram em 2008 na região Ogoni e afetaram a comunidade Bodo. Essas poluições se devem ao vazamento do oleoduto que atravessa a região e é administrado pela companhia anglo-holandesa.

Tradução: Lana Lim

Reportagem [Au Nigeria, une lente et massive pollution au pétrole] de Le Monde em UOL Notícias.

EcoDebate, 08/08/2011http://www.ecodebate.com.br/2011/08/08/poluicao-por-petroleo-nigeria-sofre-lentamente-com-um-dos-maiores-desastres-ecologicos-do-mundo/
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